a cenoura na vara de pesca
do coelho faminto que corre
na esteira do mundo que engana
antes de saciar sua fome
o coelho de cansaço morre

e assim como todo babaca
vendendo sua vida barata
engomado de terno gravata
iludido no banco de couro
diluído em busca de ouro

desossado pela prestação
parcelando comida em cartão
gasolina pode faltar não
mesmo que precise faltar pão
coxão mole e file mignon

na tv de led 4k
vendo a vida se esvaziar
tendo como exemplo e padrão
uma vida só de ilusão
rede globo plin plin de faustão

e na lida do cotidiano
se matando assim ano após ano
na esperança vã de um dia
desfrutar dos prazeres da vida
encontrar a aposentadoria

essa peça essa engrenagem
que nos vende e nos faz chantagem
invertendo o princípio primeiro
se não tens nada és nesse mundo
se discordas tu és vagabundo

as ações da bolsa de valores
que na crise despencam horrores
quero ver mesmo se de verdade
se quiser passar neles o rodo
haverá dinheiro para todos?

As angustias e as aflições
As doenças mentais na crescente
Essa gula pelos milhões
Essa falta de seres descentes
Me digas de que lado te sentes?

Esses números mirabolantes
As meninas lindas semi nuas
Os vendedores ambulantes
Vendem china em todas as ruas
há quanto tempo não olhas a lua?

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